quarta-feira, 17 de março de 2010

SINAIS DO MAIOR BANCO PORTUGUÊS DE SEMPRE

Talvez muitos de nós não tenhamos conhecimento suficientemente aprofundado do que foi o BNU e do que representou para a divulgação da cultura portuguesa no mundo. Mas podemos afirmar sem perigo de exagero que o BNU foi a empresa que mais fez em toda a história de Portugal por essa divulgação.

Vale pena ler o livro de Vasco Pulido Valente "Um Herói Português - Henrique Paiva Couceiro" para vermos o que este português fez pela fixação dos limites dos territórios das colónias de Moçambique e sobretudo Angola, onde em poucos meses e praticamente sozinho, demarcou como território português, cerca de um quarto do território angolano.
Paiva Couceiro foi governador de Angola e enquanto tal, definiu o que foi reconhecido como a base do desenvolvimento equilibrado de Angola e que ainda agora está a ser seguido pelos responsáveis angolanos. Pois é o próprio Paiva Couceiro que reconhece e elogia o papel importante que o BNU tinha para o equilibrio financeiro e desenvolvimento económico de Angola.

Não foi só em Angola que o BNU foi importante. Em todas as colónias portuguesas teve um papel essencial no desenvolvimento e na fixação de portugueses, que só contavam com o BNU para financiar toda a actividade económica.
O BNU financiou, durante largas décadas, a construção de todas as estradas, pontes, escolas, casas de todas as colónias portuguesas, sendo que nalgumas delas se manteve praticamente até aos anos 70 do século passado como única entidade bancária.
Em Macau, a sua acção foi tão importante que não se pôde acabar com o seu nome e estatuto, mesmo depois de ter desaparecido enquanto banco com entidade própria.
Em Timor, depois da independência e após um período longo de destruição de tudo o que era português, teve de ressuscitar o BNU, única entidade bancária com ligação à terra e ao português.
Em Goa, depois da expulsão dos portugeses, foi o BNU que teve o importante papel que o Sr. Jorge Anastácio soube defender até ao fim.
Em Moçambique, em Cabo Verde, em S. Tomé deu origem aos bancos centrais daqueles novos países, onde tinha deixado as bases do sistema financeiro daqueles países, como banco emissor e maior banco comercial.
Em todos estes países e lugares lá estavam os quadros de muitos portugeses que aplicaram e expalharam a nossa cultura.
O BNU desapareceu.
Um excelente trabalho está a ser feito por técnicos da Caixa Geral de Depósitos na conservação de muita documentação e valores do BNU e que farão a mais importante base de um museu importantissimo.
Mas eu penso que poderia conservar-se também algo mais vivo.
Estou a referir-me por exemplo ao edifício da 5 de Outubro, que deveria ser chamado e identificado com a respectiva placa "Edifício BNU" como o chama o arq. Taveira.

Igual identidade e sinalização deveria ter o edifício da Rua Augusta, que foi durante mais de 100 anos a sede do BNU.
Actualmente, o edifício da Rua Augusta pertence à Câmara de Lisboa.
Lá está a placazinha de "património municipal".


Mas eu verifico que em todas as esquinas do edifício se conservam os medalhões do BNU, embora tapados por umas placas da CGD, que podem ser facilmente removidas.


Ainda é visivel tanto do lado da Rua da Prata como da Rua de S. Julião os dizeres do Banco Nacional Ultramarino que durante largos anos ali estiveram.
A minha ideia era manter aquela indicação no edifício, em memória do que foi o maior banco português de todos os tempos e em homenagem a todas as mulheres e homens portugueses que, pelos quatro cantos do mundo, o tornaram realidade.



Claro que os extraordinários e artisticos relevos da fachada da Rua Augusta, esses não foram nem podiam ser retirados e são o testemunho inequívoco do BNU, que esperamos que ali se mantenha por muitos e largos anos.


Além da Caixa Geral de Depósitos, depositária dessa excelente herança, há um grupo de pessoas que pode lutar pela preservação e exaltação da memória dessas mulheres e homens que espalharam, por toda a parte, a nossa cultura e que agora faz de Portugal e da língua portugesa uma das mais importantes do mundo. Esse grupo é o dos antigos empregados do BNU.

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