domingo, 21 de março de 2010

BNU - O CONQUISTADOR PORTUGUÊS

BNU Luanda

No seu livro “D. João VI no Brasil”, Oliveira Lima diz que o Império de D. João compreendia o território europeu de Portugal, os arquipélagos dos Açores e da Madeira, as vastidões do Brasil e os domínios da Ásia e na África.
Na Ásia, a parte oriental da ilha de Timor, Macau e Goa, Damão e Diu.
BNU S. Tomé


Na África, o arquipélago de Cabo Verde e o de S. Tomé e Príncipe.
No resto de África as possessões portuguesas não passavam de enclaves alguns deles diminutos como a fortaleza de S. João Batista de Ajudá.
Na Guiné, a presença portuguesa reduzia-se a Bissau (não chegava a cem casas, a maioria palhotas), Cacheu e alguns entrepostos.

Em Angola, o controle português restringia-se, no litoral, às áreas entre a foz do Rio Lifune e a boca do Cuanza e entre o Rio Quiteve e a cidade de Benguela e, ao Norte do Rio Zaire, o entreposto de Cabinda. Para o interior, o limite não estava determinado: avançava e recuava, conforme as circunstâncias, mas nunca iam além de 300 quilómetros.
BNU Lourenço Marques até 1958

No Índico, a ilha de Moçambique, Sofala, Quelimane, Inhambane, Lourenço Marques e mais algumas feitorias da costa, tinham de haver-se com sultões e xeques aguerridos.

Após a independência do Brasil, 1822, Lisboa passou a olhar para Angola, Moçambique e Guiné com outros olhos. E já no final do Século XIX procurou seriamente assenhorear-se daqueles amplos territórios.

BNU Timor

Neste propósito de tomada de posse efectiva dos territórios ultramarinos, o Banco Nacional Ultramarino teve o papel mais importante.
A história dos manuais escolares não nos fala do principal que está por trás de qualquer conquista ou grande empreendimento: o dinheiro. Com o dinheiro adquirem-se não só as armas, mas também se pagam os prés dos soldados, o rancho, as roupas, as casernas, sem o que ninguém faz nada.
Não esqueçamos que o BNU abriu dependências em Angola em 1865 e em Moçambique em 1868.



Consultemos a história da presença portuguesa nas possessões ultramarinas e vemos que a sua verdadeira "ocupação" e "pacificação" é feita precisamente depois do estabelecimento das sucursais do BNU nesses territórios.

BNU Beira

O BNU era o único banco nesses territórios.
Na história do BNU no ultramar, consta o financiamento de todas as acções não só de "pacificação" e "conquista", mas também a construção de estradas, pontes, caminhos de ferro, exploração agrícola, o comércio, o povoamento nesses territórios.
A chamada campanha de pacificação de Angola decorreu entre 1889 e 1891 e em Moçambique a guerra que acabou com prisão do imperador Gungunhana terminou em 1895. Em tudo está o BNU.

BNU Macau

Na Conferência de Berlim de 1884/1885 ficou decidido o novo direito colonial, segundo o qual a ocupação de um território substituía o direito histórico de descoberta. Portugal procurou formas de defender as suas colónias, mas isso tornava necessário avultados meios humanos, financeiros e tecnológicos para exploração daquele vasto e rico território.



Podemos dizer, sem margem para erro, que se não fossem os homens do BNU, que, qual novos conquistadores, se deslocaram para as sucursais no ultramar para apoiarem os portugueses, estes territórios não teriam qualquer hipótese de sobreviver como portugueses.
Para as explorações de Serpa Pinto e Hermenegildo Capelo em 1877 , O BNU dera instruções aos seus gerentes de Luanda e Moçambique e nas agências de Benguela, Moçâmedes, Lourenço Marques e Quelimane para colocarem à disposição dos exploradores todos os meios necessários para a realização da viagem. No relatório do BNU referente a 1877 Francisco Chamiço mostrava o seu empenhamento: "Brito Capelo, Serpa Pinto e Ivens foram os primeiros sacerdotes desta cruzada de civilização e patriotismo".

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