terça-feira, 20 de setembro de 2011

RUA AUGUSTA - visita

A Srª Drª Bárbara Coutinho, enviou a seguinte mensagem:

Caro Sr. A. Rito Pereira,
Informo que será com o maior prazer que faremos uma visita guiada aos antigos empregados do BNU na data de 16 de Maio de 2012.
Pedia-lhe, por favor, que entrassem em contacto connosco em data mais próxima, com a informação do número de participantes.
Com os melhores cumprimentos,
Bárbara Coutinho
Directora
Câmara Municipal de Lisboa
MUDE. Museu do Design e da Moda. Colecção Francisco Capelo
Rua Augusta, 24
1100-053
PORTUGAL

Fica então combinada a visita à Rua Augusta para o dia 16 de Maio, onde seremos recebidos pela Srª Diretora do Museu.







quarta-feira, 14 de setembro de 2011

BNU - ANGOLA




“Ritas” contra “Chamiços”»

Os anos entre 1921 e 1926, em Angola, foram um período entre guerras de grandes dificuldades económicas e caos financeiro. Tal condicionou as alterações monetárias que levaram à perda da função emissora do Banco Nacional Ultramarino nesse território e à criação do Banco de Angola, como novo agente emissor e exclusivo para essa então colónia portuguesa.

O General José Norton de Mattos foi Alto Comissário de Angola entre 1921 e 1923. Durante o seu cargo, foi sua pretensão implementar moeda privativa para Angola e retirar o exclusivo da emissão de papel-moeda ao BNU. Para tal, recorreu a legislação outorgada pelo próprio, e publicada pelo Ministério das Colónias, que permitiu que, no primeiro ano do seu mandato, o Governo colonial pudesse emitir cédulas e determinou que as do BNU, que estavam em circulação, fossem retiradas até Dezembro de 1922.

Frente cédula "Rita" de 50 centavos do Alto Comissário de Angola 1923
Verso cédula "Rita" de 50 Centavos


As ‘Cédulas do Alto Comissário de 1921’, no valor facial de 50 Centavos, tiveram um montante elevado de emissão: 60.000 cédulas. Os seus lucros e prejuízos eram revertidos e suportados pelo Estado.
Frente cédula do 50 centavos do Alto Comissário de Angola 1921

Ao mesmo tempo, em 23 de Julho de 1922, o Alto Comissário renegociou o contrato celebrado com o BNU de modo a obrigar este último a substituir as notas em curso por uma nova emissão privativa para Angola.

Estas medidas foram tomadas porque, no entender do Governo colonial na altura, a carência de meios de troca sentida e que afectava o comércio local, devia-se ao insuficiente lançamento de papel-moeda por parte do BNU. No entanto, num relatório do Governador do BNU (João Henrique Ulrich), aos accionistas, em 1924, constata-se que o stock de notas tinha reservas, e por isso, não seria justificação para a escassez de numerário. Este dever-se-ía antes aos créditos, a que se recorria e que se concediam desregradamente. A problemática dos créditos, exercida pelo BNU no período 1922-24, decorria do facto de aqueles serem concedidos na forma de descontos e contas correntes para uma população e classe empresarial que, apesar de rica, ao nível das transacções comerciais, tinha falta de capitais próprios.

Por esse motivo, a concessão de créditos e o numerário circulante criaram a insegurança nos imensos gastos da população, assentes em créditos pouco sustentáveis. Por conseguinte, o BNU, à data do referido relatório, começou a refrear a autorização de créditos. No entanto, antes disso, durante a segunda metade de 1922, o BNU lançou a ‘Emissão Chamiço’, com o objectivo de aumentar a circulação fiduciária. Nesta emissão, que circulou também em outras ex-colónias africanas, a chapa de gravação estava desenhada de tal forma, que o campo relativo à filial, podia ser carimbado posteriormente à impressão com o nome da respectiva ex-colónia. Obteve o seu nome por ter nela representada a efígie de Francisco de Oliveira Chamiço, fundador e primeiro governador do BNU. Para além disso, apresentava pela primeira vez, o novo selo com o nome do banco e o lema “Colónias, Commercio, Agricultura” a envolver a imagem de um vapor. O desenho das notas era igual para todos os valores faciais (100, 50, 20, 10, 5, 2 Escudos e 50 Centavos e 1 Escudo), apenas com diferenças nas dimensões. Foram notas que tiveram uma boa aceitação por parte da população, sendo inclusive apelidadas de “chamiços”. O Alto Comissário de Angola, com base em relatórios de ausência de trocos em vários distritos, autorizou segunda emissão de cédulas de 50 Centavos no início de 1923 e simultânea recolha das que estavam em curso, por forma a custear o lançamento da nova emissão. Estas cédulas foram produzidas pela Waterlow & Sons Ltd.. Contrariamente, a ‘Emissão Chamiço’ foi gravada na concorrente inglesa da Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd. e na Thomas de la Rue & Co. Ltd. – esta última somente para os valores de 2 Escudos e 50 Centavos. A qualidade de impressão das ‘Cédulas do Alto Comissário de 1923’ e do seu desenho, apresentavam um resultado final mais definido, enquanto introduz no papel-moeda para Angola a temática do relacionamento inter-racial com a representação de autóctones (temática que foi mais tarde recuperada nas notas do Banco de Angola). Convencionou-se chamar “ritas” a estas cédulas uma vez que era voz corrente que a figura que representava a República, na Frente da cédula, era a filha do General Norton de Mattos, de seu nome precisamente Rita. Tal como na primeira emissão de cédulas, repetem-se aqui os motivos do Classicismo, com as colunas e a República sentada a segurar uma láurea, bem como as sugestões ao comércio marítimo através da representação de uma doca. O Verso apresenta uma pintura com o episódio da chegada de Diogo Cão a Angola, como referência à história da sua colonização. A entrada em circulação destas duas Emissões – “chamiços” e “ritas” – e o aumento dos seus volumes de circulação, inundaram o mercado de papel-moeda. Apesar disso, numa portaria de 1 de Agosto de 1923, os limites foram novamente aumentados.

Este cenário, em conjunto com o descontrolo ao nível dos créditos, conduziu ao aumento da inflação e, consequentemente, ao custo de vida em Angola, para condições insustentáveis nos finais de 1923. O volume de numerário em circulação era agravado com a predominância das cédulas “ritas”, o que implicava a morosidade nas trocas comerciais e aumentava os riscos de erros nas contagens. Para debilitar ainda mais a situação, os “chamiços” tornavam-se cada vez mais raros, sendo retidos pelos particulares, dando origem ao que, nessa altura, se apelidou de «uma luta entre notas» em que as “ritas”, em maior número, derrotaram os “chamiços” no «campo de batalha» (Pedro Muralha, in Terras de África: S. Tomé e Angola, 1924). Permaneciam assim, as primeiras, que eram consideradas por muitos habitantes e referidas nos jornais da época, como «uma praga de ritas». As cédulas “ritas” foram concebidas para facilitar os pequenos trocos, mas estavam a ser utilizadas para pagar a grande maioria das transacções. Foram inclusive, adaptadas num expediente pela população, que consistia em empilhá-las em blocos lacrados e rubricados com o seu valor total – chamavam a estes blocos de “tijolos”.

Esta descrição antropomórfica que Pedro Muralha faz dos dois meios de troca em Angola era paradigmática de uma posição do Governo colonial que, tentando resolver as dificuldades financeiras da ex-colónia, pretendia também retirar o valor das emissões do BNU, para substituir o seu privilégio por um banco emissor privativo em Angola. Com o agudizar das dificuldades económicas e monetárias, em 1926, o Alto Comissário tomou a decisão de aplicar a reforma monetária em Angola, criando a Junta da Moeda e o novo banco emissor independente, o Banco de Angola. Marcou-se com esta reforma o fim da presença do BNU em Angola, onde este emitiu papel-moeda, pela primeira vez, em 1865.

Nuno Fernandes Carvalho
Agosto 2011
Texto publicado no site da CGD - Património

terça-feira, 13 de setembro de 2011

MAGUSTO 2011

No próximo dia 12 de Novembro, a nossa ASSOCIAÇÃO vai realizar mais um magusto, na Quinta do Paúl - Ortigosa - Leiria.
Vai ser ocasião para celebrar também o 21º aniversário da Associação.
A festa começará pelas 10/10,30 da manhã e terminará pelas 19/19,30 h.
Os residentes na zona de Lisboa poderão ir de autocarro, sendo o custo suportado pela Associação.
Os residentes fora da zona de Lisboa, poderão também organizar viagem de autocarro a suportar pela Associação, previamente combinado com o presidente, Sr. José Ribeiro Gonçalves (telm 962524947).



2009




2010

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

DR. EDMUNDO ROCHA


Foi-me solicitado que desse testemunho da minha vivência no BNU Macau.
Não sei quem foi a pessoa que se lembrou da minha passagem por Macau, mas aqui lhe agradeço o pedido, que atendo com muito gosto, porque penso que efectivamente a história das Instituições, tal como a dos países, se faz com o somatório de testemunhos de quem participou ou viveu os acontecimentos.
Neste caso trata-se de memórias que ainda interessam a muita gente, como se comprova pelo interesse e o entusiasmo da participação que o referido blog tem e da saudade que o Banco Nacional Ultramarino desperta em todos aqueles que o serviram e ajudaram a cumprir a sua Missão.
Também eu tenho saudades e confesso que nunca pensei ver o Banco desaparecer.
Fui para Macau em 1980 e de lá regressei em 1988.
Macau era nessa época um território de 15 km2 e 500 mil habitantes, onde as comunidades chinesa, luso-chinesa e portuguesa conviviam em ambiente fraterno. A autoridade portuguesa era simbólica e pouco mais fazia do que gerir os interesses da pouca presença portuguesa, com base num orçamento alimentado quase que exclusivamente por receitas do jogo. Havia um hospital e um liceu para os portugueses e pouco mais. A comunidade chinesa vivia um curioso sistema de autogestão orientado pelos seus líderes (Ho Hin, Maman Kei, Stanley Ho e outros) que detinham as grandes fortunas e os grandes negócios e, em contrapartida, davam satisfação às necessidades básicas da população, designadamente em matéria de saúde e ensino.
O BNU tinha uma actividade reduzida, comparativamente à dos bancos chineses e a pataca não exercia qualquer influência na economia do território, onde circulava principalmente o renminb e o dólar de Hong Kong.
Neste cenário foi curioso assistir ao aparecimento do chamado Instituto Emissor de Macau, primeiro passo para a criação do Banco Emissor de Macau, que retiraria essa e outras funções ao BNU, que ficaria limitado à sua pequena quota de acção comercial. Tratava-se de um projecto nascido em Lisboa, do desejo do Governo de Macau, mas que não podia agradar nem ao BNU nem a Pequim. Durante os anos em que tive a responsabilidade da direcção do Banco em Macau, o meu papel, bem como o dos meus colegas de direcção e de outros colaboradores próximos, foi o de resistir como pudemos a esse projecto, com o apoio da Administração em Lisboa, enquanto a ela presidiu o Dr. Mário Adegas. Tivemos também a compreensão tácita da influência chinesa.
Refira-se que felizmente o projecto, certamente por falta de mérito, não se concretizou e que o BNU, por decisão da Republica Popular da China, manteve todas as suas funções até 2049, quando terminará o período de 50 anos estabelecido por Pequim para a actual autonomia (à semelhança do que aconteceu em relação a Hong Kong).
Portugal baixou a sua bandeira em 19 de Dezembro de l999 mas o BNU continua em Macau sem ter perdido nenhuma das suas atribuições.
Lisboa, 6 de Agosto de 2011
Edmundo Rocha