sexta-feira, 28 de junho de 2013

OS PRESIDENTES DO BNU

Busto de Chamiço, que esteve na sede
Rua Augusta desde o centenário e está
agora no Centro de Documentação da
CGD - a Sapadores, Lisboa
Na página deste site, GOVERNADORES E PRESIDENTES, podemos verificar que o Banco Nacional Ultramarino, desde a sua fundação, 16 de Maio de 1864, até à sua completa extinção, 23 de Julho de 2001, teve 17 presidentes, que, conforme o estatuto que o BNU foi tendo, foram apelidados de Governadores, Presidentes do Conselho de Gestão ou Presidentes da Administração.
Vale a pena ler atentamente os dados da vida destes presidentes e, entre esses dados, escolhermos os que nos parecem terem sido mais determinantes para a sua nomeação para a presidência.
 
Pela vida do fundador, Francisco Chamiço, verificamos que, perdido o Brasil, a fundação dum banco dedicado ao desenvolvimento da presença portuguesa nas colónias africanas e asiáticas era uma necessidade premente para a sobrevivência do poder político e económico português. O facto desse banco, com regalias e ajudas do Estado, sem qualquer concurso público, ter caído nas mãos de Francisco Chamiço, deveu-se ao seu familiar, José da Silva Mendes Leal, ao tempo Ministro da Marinha e do Ultramar, que, em menos de mês e meio, expõe pessoalmente o projeto na Câmara dos Deputados, faz aprovar o decreto que aprova o Banco e faz assinar a Carta de Lei pelo Rei D. Luís que ratifica o decreto.
 
Até 1931, os Governadores do BNU são nomeados pelos acionistas, que são todos privados. Mas verificamos que os governadores eleitos estão todos, de alguma forma, ligados ao poder político e, especificamente, ao poder político colonial. Este facto leva-nos a concluir que os acionistas queriam estar bem com o Estado protetor, essencial para manter as regalias estatais do BNU, concedidas desde a sua fundação.
Alguns estão também ligados a famílias de banqueiros conhecidos e que atualmente continuam ligadas ao poder financeiro.
Não foi encontrada descendência de Francisco Chamiço.
 
Em 10 de Fevereiro de 1931, o BNU é intervencionado pelo Estado e fica, a partir de então, na prática, nas mãos do Estado, de que não mais se liberta.
Em 11 de Maio de 1951 o Estado dá por concluída a intervenção direta no BNU, entregando-o aos acionistas privados. Mas na realidade, os privados não têm poder económico para comprar os créditos do Estado, transformados em ações e o Governo continua a mandar nas administrações do BNU e a ter uma palavra decisiva na nomeação do presidente.

Em 1931, para presidente do Conselho Administrativo e Comissário do Governo, Salazar nomeia o militar António dos Santos Viegas, filho dum professor Universitário de Coimbra, ao gosto do ditador.

Em 1951, é eleito Francisco Vieira Machado muito ligado ao Estado Novo, onde exerceu funções de Ministro (influente) do Ultramar.

Depois de Vieira Machado o percurso que conduz a presidente do BNU começa invariavelmente com algum cargo no governo, sobretudo no Ministério das Finanças, como se ao chegar ao poder, o interessado visse que o melhor arrimo para a vida era mandar num Banco e o BNU fosse o que estivesse mais à mão.
  
 

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