terça-feira, 26 de junho de 2012

CONDE DE OTTOLINI


MANUEL SARMENTO OTTOLINI
- 2º GOVERNADOR DO BNU
Nasceu em Lisboa no dia 9 de Janeiro de 1840, filho de José Cupertino de Aguiar Ottolini e de Augusta Cesária Ferreira Sarmento. Casou no dia 3 de Março de 1862 com Maria Elisa Ulmann da Veiga, de família rica, de quem teve quatro filhos, José da Veiga Ottolini (2º Conde de Ottolini), Manuel de Veiga Ottolini (12.12.1868 – 29.12.1917, tesoureiro do Banco Nacional Ultramarino), Maria de Lourdes da Veiga Ottolini e Luis da Veiga Ottolini.
Faleceu em Lisboa, na freguesia de Benfica, no dia 11 de Maio de 1898.
Tirou o curso de Direito na Universidade de Coimbra, cidade onde esteve alojado com o irmão, Francisco de Paula Sarmento Ottolini, na Rua da Esperança, nº 2.
A sua Mãe, Augusta Cesária, era filha de Manuel José Sarmento, fidalgo da Casa Real, do conselho de el-rei D. João VI, alcaide-mor de Alcácer do Sal, conselheiro honorário do Ultramar.  
O seu Pai, José Cupertino, nascido em 18 de Setembro de 1798 e falecido em 4 de Março de 1869, foi procurador geral da Coroa, Conselheiro de estado Efetivo, comendador das ordens da Conceição e de Cristo e juiz da Relação de Lisboa.
Dois dias depois da morte do Pai, ou seja, no dia 6 de Março de 1869, por decreto real, foi atribuído ao filho varão mais velho, Manuel Sarmento Ottolini, o titulo de visconde de Ottolini “pelos relevantes e assinalados serviços prestados por mais de vinte anos, por seu pai…”
O Visconde (vice-conde) é um título nobiliárquico superior ao de Barão e inferior ao de Conde, que, pelos vistos, podia ser atribuído pelo rei por serviços prestados pelo pai do agraciado.
Já com o título de visconde, Manuel Sarmento Ottolini, fez parte do conselho fiscal do BNU de 1879 a 1881, tendo, neste ano, sido nomeado vice governador do Banco.
Com a morte do 1º Governador do Banco, Francisco Chamiço, em 21.03.1888, passa o nosso Visconde a exercer o cargo de Governador.
Em 8 de Maio de 1890, o Rei D. Carlos assina do decreto de criação do título de Conde de Ottolini a favor de Manuel Sarmento Ottolini.
O nosso Conde de Ottolini, Governador do BNU, preside à Câmara Municipal de Lisboa de 1891 a 1893.
Em 1893, o Conde de Ottolini adoece e no princípio de 1894, por motivo da sua prolongada doença, renuncia ao cargo de governador do Banco e deixa igualmente a presidência da Câmara Municipal de Lisboa.
Morre, com 58 anos, em 1898.  

  Assinaturas do Governador
primeiro como visconde e depois como conde


OUTROS CARGOS E TÍTULOS

Além da atividade que exerceu no BNU e na Câmara de Lisboa, a que já nos referimos, foi também membro substituto do Conselho de Administração da Caixa Geral do Crédito Predial, sócio da Sociedade de Geografia. E além do título de Conde, foi-lhe também atribuída a Grã-cruz da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e de cavaleiro de Leopoldo II da Bélgica.
LIGAÇÃO AO ULTRAMAR

Tal como Francisco Chamiço, o Conde de Ottolini está ligado à expansão ultramarina portuguesa do século XIX, não só como membro da Sociedade de Geografia, que tinha como objetivo principal essa expansão, como pelas ligações familiares, já que o avô materno do Conde, Manuel José Sarmento, tinha sido conselheiro do emigrante brasileiro D. João VI e conselheiro honorário do Ultramar.
Foi no Governo do Conde de Ottolino que o BNU teve de enfrentar o problema do ultimato inglês, instigado pelo colonialista inglês Cecil Rhodes, que foi o proclamador da, ainda agora considerada por muitos ingleses e anglófonos, ideia da sua superioridade: “I contend that the British race is the finest which history has yet produced”.   


Rhodes fez grande campanha em Inglaterra contra Portugal e contra o mapa cor de rosa que Portugal tinha apresentado na Conferência Internacional de Berlim, na qual os países europeus aceitaram as terras confinadas por esse mapa, que unia Angola a Moçambique, como sendo colónia portuguesa. Rodes conseguiu que a Inglaterra fizesse um ultimato a Portugal para obrigar a abandonar o interior desses territórios e, na sequência da cedência portuguesa, as terras onde se movimentava e tinha interesses Rhodes (Rodésia), situadas entre Angola e Moçambique, ficaram na soberania dos ingleses.

LARGO CONDE DE OTTOLINI
Em Lisboa há um largo com o nome do nosso Conde. Fica na freguesia de São Domingos de Benfica, entre a estrada de Benfica e a linha do combóio de Sintra (Rua Conde de Almoster).
Anteriormente este largo era a Praceta entre as Ruas B e C à Estrada de Benfica.
Por edital municipal de 24 de Julho de 1957, passou a Praceta entre as Ruas B e C à Estrada de Benfica a denominar-se Largo Conde de Ottolini.
Penso que esta homenagem municipal ao Conde de Ottolini se deverá ao facto de ter presidido aos destinos da Câmara e não pelas suas ligações ao BNU, já que houve outros homens (mais) importantes/influentes nos destinos do BNU (por exemplo o seu fundador Chamiço) que não têm o nome ligado a qualquer referência toponimica.

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