Já
não me deslocava a Macau desde Julho de 2004.
No
dia 9 de Janeiro voltei a meter-me no avião e lá fui para mais uma viagem de
mais uma dezena de horas. De Lisboa a Macau é de facto uma viagem longa e cansativa
que só pode ser feita por gosto.
Entre
as várias alternativas, optei pela Lufthansa e lá parti para Munique. Depois de
uma espera de cerca de cinco horas no aeroporto lá começou mais uma etapa. Esta
bem mais longa, já que ultrapassou uma dezena de horas a viagem até Hong Kong. O tratamento naquela companhia num A340-600
foi ótimo, fazendo-me lembrar outras viagens.
Fiquei
mais uma vez maravilhado com esta cidade (Hong Kong). Há quem goste de Nova Iorque,
mas eu continuo a preferir esta cidade do Oriente. É simplesmente maravilhosa.
Aqui pode sempre encontrar tudo quanto possa imaginar. Os seus sonhos serão
sempre satisfeitos, para tanto “basta sonhar”.
Depois
de mais uma espera, lá apanhei o jetfoil para a cidade do Santo Nome de Deus,
Macau. Mais uma novidade, agora o jetfoil sai mesmo do aeroporto, facilitando o
acesso ao “jogo” mas suprime uma parte muito importante da viagem, o primeiro
contacto com a cidade “QUE NUNCA DORME”, Hong Kong. Eterno ponto de partida
para outros sonhos, outros destinos.
Macau
não tem nada a ver com aquela que eu havia deixado em finais de 2001. Mesmo as
alterações surgidas depois de 2004 são simplesmente fabulosas. As pessoas são
aos milhares. Em hora de ponta, e são quase todas, só se consegue andar ao
ritmo de caranguejo. Ali ninguém tem pressa. As horas vão passar sem dar por
isso.
Tinha-me
esquecido que o “Ano Novo Chinês” era mais cedo este ano. Iria começar nessa
mesma semana e prolongar-se até ao final do mês. A festa do Ano Novo é digna de
ser vista. As entradas em Macau mais que duplicam. Se já era difícil andar nas
ruas, agora é quase impossível.
Os
hotéis esgotam. Os restaurantes permanecem cheios de manhã á noite. Nos casinos
perdem-se milhões em segundos.
Os
hotéis com mais de mil camas já são mais de uma dúzia. Cada um com a sua frota
de autocarros que percorrem as ruas de Macau noite e dia. Transportam pessoas
do cais, do aeroporto, da Porta do Cerco e de hotéis para hotéis sem descanso.
Tudo grátis. Isto para não falar de restaurantes com estrelas Michelin. Macau
tem mais destes restaurantes que Portugal inteiro.
Mas
se se optar pelo transporte de autocarros de carreira ou táxi, também não
sentirá muito o seu custo. Claro que os táxis continuam a ser um problema em
Macau. Na generalidade só falam Cantonense e as simpatias são poucas. Ainda
estou á espera de conseguir arrancar um sorriso a esses profissionais do
volante.
O
“Ano Novo Chinês” começa com o fechar das lojas. É nessa altura que os donos
queimam os “panchões” para afastar os “maus espíritos”. Dantes era um barulho ensurdecedor
com papeis a voar por todo o lado. Agora existem algumas regras e locais
específicos para queimarem os panchões. No entanto existe sempre quem opte por
continuar a fazê-lo á porta do estabelecimento.
Depois
de um sono reparador, lá parti para a minha primeira caminhada. O hotel
escolhido ficava a poucos metros do BNU. Assim não foi difícil chegar até lá.
A
primeira surpresa foi ao constatar que o Banco não apresentava qualquer sinal
exterior da data que se comemorava (Ano do Dragão). Durante os anos que lá
trabalhei os enfeites eram feitos com uma semana de antecedência e retirados no
dia seguinte ao final do Ano Novo. No terraço que separa o edifício colonial da
nova estrutura chegou a ser montado um comboio que transportava o “Boas Festas
e Kung Hei Fat Shoi”. As pessoas paravam para ver aquele comboio e apreciar o
desenho das letras tanto em português como em chinês. Os tempos são outros e
talvez a crise em Portugal não seja estranha ao facto.
Do
ex-BNU não encontrei mais de uma dúzia de pessoas. Nos últimos anos só têm
entrado chineses ou empregados da CGD.
A
simpatia e eficiência continuam a mesma. Minutos depois de me abeirar do balcão
já estava a ser atendido. Enquanto conversávamos os dedos da empregada não
paravam, Quando acabei de concretizar o meu pedido fui informado de que o mesmo
estava satisfeito. Ou seja, enquanto trocávamos umas ideias e opiniões o
trabalho estava a ser executado. A isto se chama eficiência e capacidade de
trabalho.
Já
com o cartão de crédito na algibeira, dirigi-me ao Largo do Leal Senado para
ver as montras e procurar um restaurante que satisfizesse os meus desejos de
comida chinesa e macaense. Acreditem que não tem nada a ver com a que comemos
por aí nos restaurantes chineses.
A
primeira surpresa foi o desaparecimento de alguns restaurantes de comida
portuguesa e que eram regularmente frequentados pelos turistas e pela
comunidade. A diminuição de patrícios fez com que estes fechassem ou alterassem
as ofertas. Depois seguiu-se o preço. Estes subiram substancialmente e piorou
com o facto de o Euro estar em queda. Uma coisa é aquilo que os jornais
anunciam outra o preço que nos pagam pela moeda e este é bem mais baixo.
Mas
também há boas noticias. Uma manhã resolvi apanhar um daqueles autocarros que
levam aos novos hotéis da Taipa e lá vou eu de viagem até às ilhas, bem
instalado e a apreciar as novas paisagens.
Desço
no hotel Galacy. Um fabuloso hotel de cinco estrelas. Aqui o difícil é deixar
de olhar os cristais e outras peças de arte. As surpresas são tantas e as
solicitações constantes que nos deixam sem respiração.
Cansado,
resolvi procurar um local onde pudesse dar um pouco de repouso às pernas. É que
isto de ser turista cansa. Foi então que a minha curiosidade foi atraída por um
maravilhoso “buffet”. Entrei. Logo acorreram empregados prontos a encontrar o
melhor local para nos sentar. Optei por um junto a uma janela, embora um pouco
mais afastado do local onde os acepipes estavam maravilhosamente expostos. Aqui
o difícil era a escolha. Havia de tudo, mas mesmo de tudo, desde os mariscos ao
caviar.
Claro
que tinha olhado para o preço. Estava em Patacas e não em qualquer outra moeda
– 239,00 MOP. Feitas as contas, dava cerca de 20,00 Euros por pessoa. Estava
dentro do meu orçamento para esse dia. Comi muito bem, já que provei de quase
tudo e rematei com um saboroso gelado. Vinha agora a hora de pagar. Dirigi-me á
caixa com o cartão na mão á espera da conta. Qual foi a minha surpresa quando a
empregada me pergunta se tenho mais de 65 anos, o que confirmei obviamente perguntando
se precisavam do B.I. e o porquê de tão
estranha pergunta. Não quiseram ver o B.I. e informaram que nesse caso apenas
pagava metade. Ou seja, comemos os dois pelo preço de um e isto num hotel de
cinco estrelas.
Após
o almoço, aproveitei para me deliciar com alguns espetáculos que decorriam nas
várias salas. Tudo de acesso livre. Foi mais um dia em cheio.
Mas
ainda estávamos nos primeiros dias. A semana ìa continuar a decorrer com os
festejos do Ano Novo e com nova visita ao BNU.
Prometo
voltar ao assunto.
Armindo Almeida
Uma boa reportagem. Um abraço
ResponderEliminarAraujo
Obrigado Armindo pela partilha da tua viagem a Macau, com uma excelente reportagem.
ResponderEliminarUm grande abraço
Joaquim Matos
Olá Armindo.
ResponderEliminarFoi um prazer ver-te (foto) e mais ainda pela excelente narrativa. 20,00 € marisco? Aqui, só caracois e dos pequenos, cheios de "ranho" da troika.
Com amizade
Diogo - Sesimbra