quarta-feira, 18 de abril de 2012

POR TERRAS DO ORIENTE



Já não me deslocava a Macau desde Julho de 2004.
No dia 9 de Janeiro voltei a meter-me no avião e lá fui para mais uma viagem de mais uma dezena de horas. De Lisboa a Macau é de facto uma viagem longa e  cansativa  que só pode ser feita por gosto.
Entre as várias alternativas, optei pela Lufthansa e lá parti para Munique. Depois de uma espera de cerca de cinco horas no aeroporto lá começou mais uma etapa. Esta bem mais longa, já que ultrapassou uma dezena de horas a viagem até Hong Kong.  O tratamento naquela companhia num A340-600 foi ótimo, fazendo-me lembrar outras viagens.
Fiquei mais uma vez maravilhado com esta cidade (Hong Kong). Há quem goste de Nova Iorque, mas eu continuo a preferir esta cidade do Oriente. É simplesmente maravilhosa. Aqui pode sempre encontrar tudo quanto possa imaginar. Os seus sonhos serão sempre satisfeitos, para tanto “basta sonhar”.

Depois de mais uma espera, lá apanhei o jetfoil para a cidade do Santo Nome de Deus, Macau. Mais uma novidade, agora o jetfoil sai mesmo do aeroporto, facilitando o acesso ao “jogo” mas suprime uma parte muito importante da viagem, o primeiro contacto com a cidade “QUE NUNCA DORME”, Hong Kong. Eterno ponto de partida para outros sonhos, outros destinos.
Macau não tem nada a ver com aquela que eu havia deixado em finais de 2001. Mesmo as alterações surgidas depois de 2004 são simplesmente fabulosas. As pessoas são aos milhares. Em hora de ponta, e são quase todas, só se consegue andar ao ritmo de caranguejo. Ali ninguém tem pressa. As horas vão passar sem dar por isso.
Tinha-me esquecido que o “Ano Novo Chinês” era mais cedo este ano. Iria começar nessa mesma semana e prolongar-se até ao final do mês. A festa do Ano Novo é digna de ser vista. As entradas em Macau mais que duplicam. Se já era difícil andar nas ruas, agora é quase impossível.
Os hotéis esgotam. Os restaurantes permanecem cheios de manhã á noite. Nos casinos perdem-se milhões em segundos.

Os hotéis com mais de mil camas já são mais de uma dúzia. Cada um com a sua frota de autocarros que percorrem as ruas de Macau noite e dia. Transportam pessoas do cais, do aeroporto, da Porta do Cerco e de hotéis para hotéis sem descanso. Tudo grátis. Isto para não falar de restaurantes com estrelas Michelin. Macau tem mais destes restaurantes que Portugal inteiro.
Mas se se optar pelo transporte de autocarros de carreira ou táxi, também não sentirá muito o seu custo. Claro que os táxis continuam a ser um problema em Macau. Na generalidade só falam Cantonense e as simpatias são poucas. Ainda estou á espera de conseguir arrancar um sorriso a esses profissionais do volante.
O “Ano Novo Chinês” começa com o fechar das lojas. É nessa altura que os donos queimam os “panchões” para afastar os “maus espíritos”. Dantes era um barulho ensurdecedor com papeis a voar por todo o lado. Agora existem algumas regras e locais específicos para queimarem os panchões. No entanto existe sempre quem opte por continuar a fazê-lo á porta do estabelecimento.
Depois de um sono reparador, lá parti para a minha primeira caminhada. O hotel escolhido ficava a poucos metros do BNU. Assim não foi difícil chegar até lá.
A primeira surpresa foi ao constatar que o Banco não apresentava qualquer sinal exterior da data que se comemorava (Ano do Dragão). Durante os anos que lá trabalhei os enfeites eram feitos com uma semana de antecedência e retirados no dia seguinte ao final do Ano Novo. No terraço que separa o edifício colonial da nova estrutura chegou a ser montado um comboio que transportava o “Boas Festas e Kung Hei Fat Shoi”. As pessoas paravam para ver aquele comboio e apreciar o desenho das letras tanto em português como em chinês. Os tempos são outros e talvez a crise em Portugal não seja estranha ao facto.
Do ex-BNU não encontrei mais de uma dúzia de pessoas. Nos últimos anos só têm entrado chineses ou empregados da CGD.
A simpatia e eficiência continuam a mesma. Minutos depois de me abeirar do balcão já estava a ser atendido. Enquanto conversávamos os dedos da empregada não paravam, Quando acabei de concretizar o meu pedido fui informado de que o mesmo estava satisfeito. Ou seja, enquanto trocávamos umas ideias e opiniões o trabalho estava a ser executado. A isto se chama eficiência e capacidade de trabalho.
Já com o cartão de crédito na algibeira, dirigi-me ao Largo do Leal Senado para ver as montras e procurar um restaurante que satisfizesse os meus desejos de comida chinesa e macaense. Acreditem que não tem nada a ver com a que comemos por aí nos restaurantes chineses.


A primeira surpresa foi o desaparecimento de alguns restaurantes de comida portuguesa e que eram regularmente frequentados pelos turistas e pela comunidade. A diminuição de patrícios fez com que estes fechassem ou alterassem as ofertas. Depois seguiu-se o preço. Estes subiram substancialmente e piorou com o facto de o Euro estar em queda. Uma coisa é aquilo que os jornais anunciam outra o preço que nos pagam pela moeda e este é bem mais baixo.
Mas também há boas noticias. Uma manhã resolvi apanhar um daqueles autocarros que levam aos novos hotéis da Taipa e lá vou eu de viagem até às ilhas, bem instalado e a apreciar as novas paisagens.
Desço no hotel Galacy. Um fabuloso hotel de cinco estrelas. Aqui o difícil é deixar de olhar os cristais e outras peças de arte. As surpresas são tantas e as solicitações constantes que nos deixam sem respiração.

Cansado, resolvi procurar um local onde pudesse dar um pouco de repouso às pernas. É que isto de ser turista cansa. Foi então que a minha curiosidade foi atraída por um maravilhoso “buffet”. Entrei. Logo acorreram empregados prontos a encontrar o melhor local para nos sentar. Optei por um junto a uma janela, embora um pouco mais afastado do local onde os acepipes estavam maravilhosamente expostos. Aqui o difícil era a escolha. Havia de tudo, mas mesmo de tudo, desde os mariscos ao caviar.
Claro que tinha olhado para o preço. Estava em Patacas e não em qualquer outra moeda – 239,00 MOP. Feitas as contas, dava cerca de 20,00 Euros por pessoa. Estava dentro do meu orçamento para esse dia. Comi muito bem, já que provei de quase tudo e rematei com um saboroso gelado. Vinha agora a hora de pagar. Dirigi-me á caixa com o cartão na mão á espera da conta. Qual foi a minha surpresa quando a empregada me pergunta se tenho mais de 65 anos, o que confirmei obviamente perguntando se precisavam do B.I. e  o porquê de tão estranha pergunta. Não quiseram ver o B.I. e informaram que nesse caso apenas pagava metade. Ou seja,  comemos  os dois pelo preço de um e isto num hotel de cinco estrelas.
Após o almoço, aproveitei para me deliciar com alguns espetáculos que decorriam nas várias salas. Tudo de acesso livre. Foi mais um dia em cheio.
Mas ainda estávamos nos primeiros dias. A semana ìa continuar a decorrer com os festejos do Ano Novo e com nova visita ao BNU.

Prometo voltar ao assunto.
Armindo Almeida

3 comentários:

  1. Uma boa reportagem. Um abraço
    Araujo

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  2. Obrigado Armindo pela partilha da tua viagem a Macau, com uma excelente reportagem.
    Um grande abraço
    Joaquim Matos

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  3. Olá Armindo.
    Foi um prazer ver-te (foto) e mais ainda pela excelente narrativa. 20,00 € marisco? Aqui, só caracois e dos pequenos, cheios de "ranho" da troika.
    Com amizade
    Diogo - Sesimbra

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