segunda-feira, 11 de março de 2013

JOSÉ DE OLIVEIRA MARQUES

Nasceu em Moçambique no dia 1.12.1931.
Casou com a Drª Honorina de Sousa Abreu Marques, nascida em 2.05.1932 e falecida em 22.11.2011, que foi médica dos serviços médico-sociais do BNU, e que muitos colegas conheceram e apreciaram pela sua competência e disponibilidade.
O Dr. Oliveira Marques licenciou-se em ciências económico-financeiras e entrou no Banco Nacional Ultramarino, como Diretor, em Lourenço Marques, em 1967, tendo em 1968 passado a Diretor para o Ultramar. Nesse mesmo ano, foi nomeado pelo governo de Salazar Secretário de Economia da Província de Moçambique, cargo que exerceu até 1970.
Em 15 de Abril de 1970 volta ao BNU, para diretor para o Ultramar, vindo para a sede da Rua Augusta em Lisboa.
Em 5 de Abril de 1973 é nomeado administrador do Banco, sendo-lhe atribuída como secretária, em 16.04.73, Maria da Graça de Jesus Oliveira Palmeiro Antunes.
Chamou para o assessorar o Dr. João Higino do Rosário Silva, licenciado em economia e direito, de Cabo Verde, que posteriormente chega a diretor do B.N.U. e, após se reformar do BNU, ocupa cargos importantes, como embaixador de Cabo Verde em Portugal, Presidente do Banco de Cabo Verde, presidente dos TACV – Transportes Aéreos de Cabo Verde.
Em 5 de Junho de 1974, com a nomeação do Dr. Espinosa para Governador, o Dr. Oliveira Marques é nomeado Vice-Governador do BNU.
Após o golpe do 11 de Março de 1975, o Conselho da Revolução exonerou o Dr. Oliveira Marques das suas funções no BNU.
Entretanto, sendo Primeiro Ministro do 1º Governo Constitucional Mário Soares, é nomeado para o Conselho de Gestão do Banco Borges e Irmão, donde sai em 31 de Agosto de 1977.
Em Janeiro de 1979, regressa ao BNU, como presidente do Conselho de Gestão, nomeado pelo Ministro das Finanças, Manuel Jacinto Nunes, do Governo de Carlos Mota Pinto.
Refira-se que, pelo dec.-lei 294/75 de 22.12, as administrações dos bancos nacionalizados, incluindo o BNU, passaram a denominar-se Conselho de Gestão, “composto por não mais de sete membros, um dos quais será presidente”. Deixou de haver Governadores e vice.  
Como novidade na presidência do Dr. Oliveira Marques, lembramos a remodelação das direções do Banco, instituindo o Secretariado Operacional, que depois se tornou o Departamento de Normas e Instruções, sob a Direção do seu amigo Dr. José da Silva Casanova, e que veio a integrar e aproveitar muitos trabalhadores que tinham vindo do BNU de Moçambique.
Reintegrou também nos quadros do BNU, o Sr. Dr. Herlander Machado, que havia sido despedido, na sequência de processo disciplinar, por despacho do Conselho de Gestão de 27 de Novembro de 1974. O Dr. Herlander conseguiu em tribunal a sua reintegração no BNU e o Dr. Oliveira Marques  nomeou-o Diretor Geral do Banco, um cargo que antes não existia.
Em 16 de Julho de 1980, os trabalhadores do BNU, são surpreendidos com a nomeação, por resolução do Conselho de Ministros do Governo da AD, presidido por Sá Carneiro, de três novos membros do Conselho de Gestão do BNU, Drs. José de Oliveira e Costa, António Ribeiro Maçarico e Joaquim Ramos de Jesus, em substituição de Drs. Mário Martins Adegas e Manuel Filipe Pessoa dos Santos Loureiro e José Ribeiro Vitorino, que eram exonerados.

foto cedida por Graça Palmeiro Antunes
Novo Conselho de Gestão do BNU, de 1980 a 1982, da esquerda:
Dr. António Maçarico, Dr. Oliveira e Costa (vice-presidente),
Dr. Oliveira Marques (Presidente), Dr. Fortes da Gama, Dr. Luis Moreno
e Dr. Joaquim Ramos de Jesus
A surpresa vinha do facto de o Sr. Dr. José de Oliveira e Costa ser nomeado Vice-Presidente, um cargo que havia desparecido em 22.12.1975.
Desde logo se falou nos mentideros do Banco que esta nomeação era uma forma de tirar poder ao Dr. José Oliveira Marques, mais ou menos conotado com o PS e dar força ao PSD no BNU.
Nessa data, estava em plena negociação a compra do edifício da Av. 5 de Outubro, pertencente a Construções Continental e que tinha já a estrutura construída, ocupando o quarteirão que antes era composto por vários edifícios menores.
Foi então visível a guerra que havia entre presidente e vice-presidente do BNU.
Foi tornado público que o vendedor do edifício da 5 de Outubro tinha gravações de conversações que tinha tido com uns apelidados “homens do presidente” que se apresentavam como representantes do Dr. Oliveira Marques e que queriam comissões para que o Banco comprasse o edifício.
O dono do prédio queria garantias de que estava a lidar com representantes do presidente mas “os homens do presidente” só podiam dar-lhe sinais de que estavam mandatados e nunca poderia aparecer o presidente diretamente ou em qualquer ato que comprometesse  a sua seriedade.
Diziam-lhe por exemplo que na próxima reunião do Conselho de Gestão seria tomada esta resolução ou aquela. Depois traziam cópia da ata para comprovar.
Aparecem então cópias de atas do conselho, supostamente deixadas cair nos corredores do BNU.
A guerra entre presidente e vice-presidente seria então no sentido de o vice se opor à compra do edifício se o negócio fosse tratado pelo presidente.
A compra não se concretizou na presidência do Dr. Oliveira Marques e a guerra entre os Oliveiras (Costa e Marques) terminou com a exoração de ambos no final do triénio (1982).
O Dr. Oliveira e Costa continuou o seu percurso, chegando a Secretário de Estado das Finanças do Governo de Cavaco Silva, presidente da comissão concelhia de Aveiro e deputado do PSD, presidente de um Banco (BPN) e presidiário.
O Dr. José Oliveira Marques, depois da presidência do BNU, esteve na administração de várias empresas e, em 20.02.1993, sendo presidente da ANA – Aeroportos e Navegação Aérea, acabado de regressar a sua casa de Lisboa, onde vivia com a Drª Honorina, vindo de uma Assembleia da ANA, realizada no Algarve, faleceu de ataque cardíaco.
Assinatura do Dr. Oliveira Marques como presidente do BNU

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