segunda-feira, 28 de maio de 2012

FRANCISCO de OLIVEIRA CHAMIÇO

FRANCISCO DE OLIVEIRA CHAMIÇO, nasceu no Porto em 1820.
Filho de Fortunato de Oliveira Chamiço e de Cândida Martins Pacheco.
Neto paterno de Brás de Oliveira Chamiço, capitão-de-mar-e-guerra, de ascendência alemã e Ana Luisa Chamiço e materno de António José Soares Pacheco e Custódia Claudina Pacheco, de ascendência britânica.
Aos 10 anos vai para Inglaterra estudar, aproveitando o facto de ter ali laços familiares.
Em 1940 regressou ao Porto e integrou-se na firma paterna “Chamisso & Companhia”.
Casou com Claudina Freitas Guimarães, irmã de Ana Freitas Guimarães que casou com Fortunato de Oliveira Chamiço Júnior, irmão do Francisco.
O casal Fortunato Chamiço Júnior e Ana Freitas Guimarães teve uma filha; Amélia, que casou com Frederico Biester, irmão de Rosa Biester Mendes Leal, esposa de José da Silva Mendes Leal, ministro da Marinha e do Ultramar.
Francisco Chamiço faleceu em Lisboa no dia 21 de Março de 1888, com 68 anos.
Para compreendermos melhor o percurso de vida deste “negociante” como é intitulado na escritura de compra do prédio da Rua Augusta, temos de ter em conta determinados factos da história de Portugal e de toda a envolvente da vida do fundador do BNU
Sabemos que recusou o cargo de Ministro da Fazenda e, pelo que sabemos dos anos que esteve como deputado, tinha formação de ciência económico-financeira, pois as suas intervenções de 14-02-1855 a 7.06.1862 foram as seguintes:
-Cunhagem de moeda – 3 intervenções.
-Empréstimo público para construção de estradas
- Orçamento do estado – 9 intervenções
-Acordo com credores estrangeiros e empréstimo para obras públicas – 8 intervenções
-Livre importação de cereais – 3 intervenções;
- Codificação do crédito predial
-Empréstimo para obras públicas – 2 intervenções
-Reforma das pautas – 2 intervenções
-Troca de moedas
Assinatura de F. Chamiço

VIDA FAMILIAR

Já vimos que esteve ligado por laços de família ao ministro José da Silva Mendes Leal. Este escritor, jornalista, político português, foi grão-mestre da maçonaria, relacionado com as personalidades mais influentes do nosso país. Foi várias vezes eleito deputado. Em 21.02.1862, sendo deputado pelo Partido Histórico, foi nomeado Ministro da Marinha e do Ultramar, cargo que manteria até 12 de Dezembro de 1864.
Francisco Chamiço, igualmente maçónico e deputado pelo partido Histórico, conseguiu que, em poucos dias, o ministro seu familiar, correligionário político e maçónico, lhe aprovasse a fundação do Banco Nacional Ultramarino, com o encargo de gerir a política financeira e monetária das colónias e com regalias que provocaram críticas generalizadas da imprensa e de muitos setores de opinião, sobretudo por ter sido criado por proposta do governo, sem ter havido qualquer concurso público.
O Ministro da Marinha e Ultramar expõe pessoalmente o projeto do Banco à Câmara de Deputados do Reino em 7 de Abril de 1864 e logo em 10 de Maio seguinte é aprovado o decreto que autoriza o novo banco.
Seis dias depois, 16 de Maio de 1864, o rei, D, Luís, assina a Carta de Lei que ratifica o decreto, nascendo assim, oficialmente, o Banco Nacional Ultramarino.
Os privilégios importantes que beneficiaria por um período de 15 anos, renováveis, eram:
  • O exclusivo de fundação e administração de instituições bancárias em todas as províncias ultramarinas, à exceção de Macau;
  • Subvenção estatal de 30 contos anuais;
  • Isenção de todas as contribuições e impostos;
  • Possibilidade de efetuar nas colónias todas as operações próprias de um banco de circulação assim como de crédito agrícola
Não é sem razão que os primeiros acionistas do BNU fazem a seguinte declaração:
em atenção aos serviços prestados à fundação do BNU, à obtenção dos privilégios, vantagens e isenções alcançadas por Francisco de Oliveira Chamiço, será ele considerado fundador deste estabelecimento e nessa qualidade, será durante a sua vida, membro nato do Conselho de Administração

NEGÓCIOS DA FAMÍLIA

De igual influência familiar e política se serviu para salvar o projeto do palácio de cristal no Porto de que foi um dos fundadores e principal dinamizador.
Em Julho 1861 Alfredo Allen, Francisco de Oliveira Chamiço e Francisco Pinto Bessa promoveram a fundação da Sociedade do Palácio Agrícola, Industrial e Artístico, depois denominada do Palácio de Cristal Portuense S.A.R.L., com o objetivo de construir um palácio destinado a exposições agrícolas, industriais e artísticas.
De início parecia que tudo se encaminhava bem mas, contra o esperado, a recusa da colónia portuguesa no Brasil em participar no capital da sociedade, trouxe dificuldades que pareciam inultrapassáveis, até que Francisco de Oliveira Chamiço, sendo deputado e sendo ministro o seu familiar Mendes Leal, em Julho de 1862, conseguiu um lei que isentava a sociedade de impostos e concedia importação livre de direitos de todos os materiais destinados à construção do Palácio.
Com esta ajuda e com a de outros beneméritos que ofereceram os seus haveres pessoais, como foi o caso do Dr. António Ferreira Braga, lá se concluiu o Palácio de Cristal do Porto, que, segundo parece, nunca teve uma exploração sem desequilíbrios financeiros e não permitiu reembolsar os seus credores, falecendo o referido Dr. Braga, distinto professor da escola médico-cirúrgica, em 1870, em penosa pobreza.

OUTROS FAMILIARES

Segundo consta, o Francisco Chamiço tinha relações familiares com o General Joaquim José Machado (1847-1925), bisavô do escritor Lobo Antunes. Este general, maçónico, foi governador da Índia portuguesa e Governador-Geral de Moçambique, onde fez obra reconhecida por muitos portugueses e até pela África do Sul que, em sua memória deu o seu nome a uma localidade sul-africana (Machadorp). Talvez o Francisco Chamiço tenha tido aqui alguma influência para puxar pelo familiar no sentido do Ultramar.

A ÉPOCA

Francisco Chamiço nasceu antes da independência do Brasil, que se deu em 1822.
Depois da independência do Brasil, muitos portugueses que enriqueceram com o comércio brasileiro, ficaram sem apoio seguro do comércio colonial, embora a independência daquele vasto território não trouxesse de imediato o corte radical com os negócios que ali mantinham os portugueses.
Na independência do Brasil não houve, como recentemente com Angola e Moçambique, uma ponte aérea para repatriamento dos nossos compatriotas. Mas as vantagens do regime colonial foram desaparecendo e os portugueses começaram a olhar para África, como nova oportunidade para o seu comércio.
As possessões portuguesas em África eram o arquipélago de Cabo Verde e o de S. Tomé e Príncipe. Na Guiné, a presença portuguesa reduzia-se a Bissau (não chegava a cem casas, a maioria palhotas), Cacheu e alguns entrepostos. Em Angola, o controle português restringia-se, no litoral, às áreas entre a foz do Rio Lifune e a boca do Cuanza e entre o Rio Quiteve e a cidade de Benguela e, a norte do Rio Zaire, o entreposto de Cabinda. Para o interior, o limite não estava determinado: avançava e recuava, conforme as circunstâncias, mas nunca iam além de 300 quilómetros. No índico, a ilha de Moçambique, Sofala, Quelimane, Inhambane, Lourenço Marques e mais algumas feitorias da costa, tinham de haver-se com sultões e xeques aguerridos.
Os únicos portugueses que possuíam algum conhecimento dos sertões angolanos, como eram chamadas as terras localizadas no interior, eram os pombeiros. Estes homens eram, em grande parte das vezes, degredados que eram deixados pelos navios portugueses nas terras africanas. Estabeleciam-se no local, faziam contatos com as populações locais e até casavam.
Este é o caso do pombeiro Silva Porto, que se encontrava nos sertões angolanos há cerca de quarenta anos, quando na década de oitenta começaram a ocorrer com frequência as expedições portuguesas.
Essa realidade impôs-se a Francisco Chamiço, que era um homem de agarrar as oportunidades que se lhe ofereciam.
A firma do Pai tinha relações com Inglaterra e o Francisco Chamiço tinha consciência de que para manter uma atividade próspera se tornava indispensável a exportação.
Em 1853, com 33 anos, foi dos fundadores da Companhia de Seguros Garantia, praticando seguros marítimos e terrestres e que rapidamente se expandiu pelo estrangeiro: Brasil, Inglaterra, Espanha.
Antes de se lançar na fundação e direção do Banco, havia feito nome nos vinhos do Porto, fundando a firma, juntamente com o irmão Fortunato e Carlos Silva, F. Chamiço Filho & Silva.
Também foi proprietário de minas de estanho da Mostardeira (Alentejo) e de Trás-os-Montes, que vieram a ser financiadas pelo BNU.
O ULTRAMAR

Vê-se que o Francisco Chamiço abraçou a fundação e gerência do Banco Nacional Ultramarino com toda a convicção. Falhado o Brasil como saída fácil da nossa produção, tínhamos de nos virar para África. Como ele dizia, “os consumidores existiam já na África: eram os indígenas e apenas se tornava necessário estabelecer relações com o interior, abrindo vias de comunicação”.
Adquirido o direito de operar como banco em exclusividade nas colónias portuguesas, havia que expandir e desenvolver esses territórios.
Perseguindo essa ideia, Francisco Chamiço foi dos fundadores e principais promotores da Sociedade de Geografia de Lisboa com a finalidade, entre outras de natureza cultural, da expansão ao máximo dos territórios portugueses em África. Foi através da Sociedade de Geografia, fundada em 31 de Dezembro de 1875, que foram efetuadas as viagens dos grandes exploradores/ocupadores de territórios africanos, como Joaquim José Machado, Paiva Couceiro, Serpa Pinto, Hemenegildo Capelo e Roberto Ivens. A expedição destes, desde Angola até Moçambique, deram origem ao mapa cor-de-rosa, que delimitava como portugueses os territórios compreendidos entre Angola e Moçambique e que deu origem, já depois da morte de Francisco Chamiço, ao ultimato Inglês de 1989. O africanista Paiva Couceiro, com origem inglesa, perante o ultimato, renegou toda e qualquer ligação a Inglaterra. Não sabemos o que teria feito o nosso Chamiço se ainda fosse vivo, mas satisfeito não ficaria porque este mapa estava dentro de todas as aspirações da sua vida.

GRANDEZAS E FRAQUESAS DE FRANCISCO CHAMIÇO

Francisco de Oliveira Chamiço é uma personalidade de referência dos século XIX português e, na sua vida, assim foi considerado.
Em 1852, é nomeado pelo Ministro Rodrigo da Fonseca Magalhães, para a comissão de inquérito da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro
Em 1876 a rainha D. Maria Pia, por ocasião das inundações de inverno, organizou uma comissão para angariar donativos, da qual faziam parte as personalidades mais importantes da sociedade portuguesa, como o cardeal patriarca, e que incluiu o nosso Francisco de Oliveira Chamiço.
Fez parte da Administração da Companhia de Caminhos de Ferro Portugueses.
Preside ao comité executivo da exposição colonial portuguesa na exposição universal de Antuérpia, de 1885.
Está na fundação da Sociedade de Arboricultura e Floricultura em Lourenço Marques em 1985, juntamente com os maçónicos J.M. de Mesquita Pimentel e general Joaquim José Machado, sociedade que, entre 1885 e 1887 criou, em Lourenço marques, o primeiro jardim botânico de toda a África.
Apoiou o Mesquita Pimentel na introdução, em Moçambique, da vinha, das romãzeiras e das figueiras.
Em 1865 publica juntamente com Henrique Sergant “Relatórios sobre Minas de Estanho de Montesinhos”.
Pertence à Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

Em todas as vidas humanas há lutas e problemas que temos de enfrentar e Francisco Chamiço não fugiu a essa regra.
Na vida da família Barbosa e Silva de Viana do Castelo, feita por Maria Emília Sena de Vasconcelos, consta que o Francisco Chamiço visitava frequentemente a família e convenceu os Barbosa e Silva a investir confiadamente importantes somas no Banco Nacional Ultramarino e, “ao dar-se seguidamente o mais famoso descalabro daquele banco foi como se ocorresse um terremoto em Viana”, causando enorme prejuízo àquela família. Diz-se ainda nessa vida dos Barbosa e Silva, que o Francisco Chamiço veio a ser “inculpado” no processo.
No desenvolvimento da sua atividade nas colónias africanas, o BNU acabou por se envolver diretamente em atividades comerciais de importação e exportação e de exploração de atividades agrícolas, adquirindo várias propriedades agrícolas.
O problema que teve de enfrentar para a exploração dessa propriedades, foi a velha falta de mão de obra.
Segundo consta, após a libertação, o antigo escravo, aceita qualquer trabalho menos aquele que o faça ligar à antiga atividade escrava que era a agricultura.
Daí, uma das dificuldades em arranjar mão de obra indígena para a agricultura…
O Francisco Chamiço protesta contra a abolição da escravatura sem se ter indemnizado os proprietários dos escravos e sem se ter legislado a tornar obrigatório o trabalho indígena.
Em 1875 o BNU contrata diretamente da Libéria, 600 homens e mulheres para as suas propriedades de S. Tomé e até ao final de 1876 tinha já “importado” da Libéria, cerca de 3000 trabalhadores.
A importação de mão de obra da Libéria foi a solução que o F. Chamiço encontrou como ideal para evitar a caça aos navios de escravos que era feita pelos navios de guerra ingleses sobretudo nas costas de Angola.
Aliás, em 1877 o navio à vela “Ovarense” ao serviço do BNU, foi arrestado pelos ingleses e confiscada toda a sua carga, sob pretexto de que fazia comércio de escravos.
Em 1877 o jornal “O Progresso” de Lisboa refere que em Luanda se encontram 240 escravos comprados pelo BNU com destino a S. Tomé, estando mais 1000 escravos em Novo Redondo, prontos para partir para a “Água Izé”, propriedade do BNU em Timor.

CONCLUSÃO

Muito mais se poderia dizer sobre a vida deste homem que parece que passou por uma vida muito intensa no (não muito longo) período da sua vida.
Teve de enfrentar crises do Banco, desde o princípio e que constam da história do banco e, com elas, toda a espécie de adversidades que acionistas e colaboradores lhe causaram.
Já se viu que aproveitou as oportunidades que se lhe ofereceram na vida e que também lutou por causas que não eram as mais corretas, como a defesa da escravatura ou do trabalho forçado dos africanos.
Mas, quem não tiver defeitos, que atire a primeira pedra…
O BNU foi seguindo o seu caminho, fez obra em terras portuguesas, com homens como todos nós.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

TIMOR - 100 ANOS


O Banco Nacional Ultramarino foi o primeiro Banco a instalar-se em Timor, sendo actualmente o Banco mais antigo a operar no território.
Inicialmente, e instado por obrigações acordadas com o Estado Português, estabeleceu um representante sediado na Companhia de Timor, em 1902. Tal medida provisória deveu-se às dificuldades logísticas inerentes à grande distância entre Timor e a Metrópole portuguesa.

A inauguração da primeira Agência Bancária, em edifício próprio, ocorre em 1912, na capital timorense, Díli. Três anos mais tarde, em 1915, começam a circular as primeiras notas privativas para Timor-Leste.
Este primeiro edifício albergou o Banco até à invasão japonesa da ilha aquando da II Guerra Mundial. Durante esse período de ocupação, muitos foram os habitantes timorenses e portugueses enviados para campos de prisioneiros, onde muitos acabaram por falecer. Tal foi o caso do Gerente do BNU, João Jorge Duarte, num campo na ilha de Alor.
Com o fim da guerra, a reocupação portuguesa de Timor-Leste trouxe a introdução da primeira moeda metálica. Um delegado da Administração do BNU reabre, provisoriamente, a Agência do BNU nas instalações da Sociedade Agrícola Pátria e Trabalho.
Por forma a ultrapassar as insuficiências destas instalações, que não respondiam às diferentes necessidades do Banco, foi construído de raiz um novo edifício, em Díli, que foi inaugurado em 1968.

Novo foco de instabilidade política e social, decorrente da guerra civil de 1975, que se anunciava, conduziu à suspensão da actividade da Agência.
Seguiram-se os anos da ocupação Indonésia e as suas provações que perduraram até 1999. Um largo movimento internacional e a intervenção duma força da ONU permitiram a transição de Timor-Leste para a independência, tendo o Grupo Caixa Geral de Depósitos estado presente, desde a primeira hora, no processo de reconstrução do país, nomeadamente através da abertura de uma Agência nesse mesmo ano.
Após recuperação do anterior edifício da filial do BNU (Banco, entretanto, incorporado no Grupo CGD1 ), a Sucursal CGD/BNU de Timor-Leste reabriu ao público, a 10 Julho de 2001, confirmando e reforçando uma duradoura presença bancária nesse país.


Como atesta a retrospectiva de mais de 100 anos do Grupo Caixa Geral de Depósitos em Timor-Leste, a presença de uma instituição financeira portuguesa em Timor-Leste foi, em vários momentos da sua centenária história, uma tarefa árdua, numa realidade difícil. Uma presença apenas interrompida nos períodos mais conturbados dos últimos 100 anos da história de Timor – Leste.
Actualmente, a Sucursal do Grupo CGD em Timor-Leste dispõe de oito Agências, distribuídas por sete capitais de distrito, sendo intenção do Grupo a cobertura de todo o País.
Está, igualmente, em curso a modernização de toda a Rede Comercial do Grupo Caixa Geral de Depósitos no território, visando prestar mais e melhores serviços aos seus Clientes e à Comunidade Timorense, em linha com as responsabilidades de uma marca centenária, indissociavelmente ligado à história de Timor-Leste.
Refira-se que, para além de Timor-Leste, o Grupo Caixa Geral de Depósitos está também presente com a marca BNU: em Macau, desde 1902 - comemorando, este ano o 110º aniversário; na Índia, desde 1868 – ano em que abriu a sua primeira Agência em Pangim -, celebrando este ano 144 anos; e, mais recentemente, em Xangai, onde está desde 2006.
Também nestes países a marca centenária BNU, do Grupo Caixa Geral de Depósitos, tem uma forte notoriedade. A este reconhecimento não será alheia a qualidade de Banco emissor de moeda ao longo do tempo - qualidade que mantém em Macau.
O Grupo Caixa Geral de Depósitos tem vindo, ao longo da sua história, a reforçar a sua presença no Mundo, estando em 23 países, incluindo os de Língua Portuguesa, ao serviço de Portugal e das Comunidades Portuguesas e dos Países em que está inserido.

Fonte: Centro de Documentação da CGD

quinta-feira, 24 de maio de 2012

ALMOÇOS

Jaquinzinhos e sardinhas foi o nosso almoço em Queluz. Vejam lá se estes maduros não estão em forma..
Só de olhar, já começo a salivar. Acham que há disto noutro país do mundo?






 

MUDE

Na sequência da visita à Rua Augusta, a Srª Drª Maria de Lurdes Sales enviou este convite irrecusável para todos os BNUs que gostam de ver o seu antigo posto de trabalho aproveitado e conservado para atividades culturais, com a certeza de que estará sempre presente o nosso respirar de trabalho, suor e histórias de vida. Eu vou.

Dr. Rito Pereira,
em primeiro lugar deixe-me agradecer a vossa visita, gostei muito de vos receber nesta Vossa casa.
Gostaríamos muito que nos visitasse, agora que vamos inaugurar mais 2 exposições (a dos Tesouros já poderam dar uma olhadela) mas a da Gulbenkian que inaugura no 1º andar está uma surpresa, só falta vir visitar, fico a aguardar a sua vinda, tenho todo o gosto em o acompanhar.
Com os meus cumprimentos
MAria de Lurdes
Maria de Lurdes Sales Baptista
MUDEEducativo
MUDE-Museu do Design e da Moda, Colecção Francisco Capelo
Câmara Municipal de Lisboa
Rua Augusta, nº 24
1100-053 Lisboa
Portugal
Tel: 218886117

sexta-feira, 18 de maio de 2012

VISITA AO MUDE

Então lá fomos nós visitar a sede do BNU da Rua Augusta.
A Srª Dra Maria de Lurdes Sales Batista recebeu-nos na entrada e encaminhou-nos para a sala das assembleias do BNU, no 2º andar. Veio então a Srª Drª Bárbara Coutinho, Diretora do Mude, para nos fazer a apresentação do edifício e do projeto MUDE (Museu do Design e da Moda), o que deu azo a um diálogo interessante connosco.


Seguiu-se depois um périplo pelo edifício, até ao 6º andar.
O entusiasmo foi mútuo, da nossa parte ficámos fascinados com o projeto MUDE e, pelo que vimos, da parte de direção do MUDE, também houve grande interesse nas dicas que os colegas foram dando sobre a evolução do edíficio. Aqui estava isto, ali aquilo. Antes das obras de 1964 era assim depois passou a ser assim.
Nenhum colega levou qualquer foto das instalações do nosso tempo. E isso pode ser interessante para o projeto que a direção do MUDE quer levar a efeito.


Tirando a sala D. Luis, os corredores e gabinetes da administração no 1º e 2º andares, a sala das assembleias e o refeitório do 6º andar, que se mantêm, pouco mais ficou.
Segundo a Drª Bárbara, o edifício vai ficar tal e qual como está, com alguns melhoramentos que necessáriamente terão de ser feitos para a utilização do edifício, por exemplo, colocação de elevadores porque não há nenhum a funcionar nem aproveitável, o que é indispensável para os visitantes com dificuldades de mobilidade.
O edifício estava a ser preparado para obras de profunda remodelação pela Caixa Geral de Depósitos, quando um artigo de jornal levantou um problema relacionado com valores arquitetónicos do edifício, que provocou a intervenção do IPAR e da Câmara de Lisboa, que fizeram parar as obras.
Quando a Câmara adquiriu o edifício, este estava na situação em está agora, ou seja a meio caminho entre a demolição do interior para reconstrução com adaptação a um projeto moderno. Isto é, não chegou a completar-se a demolição do interior.
A Srª Drª Bárbara ficou entusiasmada com o edifício para instalação do Museu da Moda com base em coleção em poder da Câmara de Lisboa e propôs que se utilizasse o edifício pondo em prática um conceito inovador em termos de Museu, que seria um Museu em construção, em evolução. E o nome MUDE foi escolhido também querendo significar o imperativo do verbo mudar.
Neste conceito está a preservação da história do edifício, não mexendo naquilo que não foi demolido nem reconstruindo as partes que foram demolidas, nem tapando as paredes que foram descarnadas.
Segundo parece, as atuais instalações descarnadas que, de inicio desgradaram aos visitantes, estão agora a ser bem aceites e aparecem arquitetos e engenheiros a pedir que não tapem nada porque devem ficar à mostra as técnicas de construção que foram utilizadas.
Está em andamento um acordo com a SAPO para instalar em cada andar e cada recanto do edifício uma plataforma que mostre o que era o edifício antes e a evolução que teve até agora. Para isso são necessárias as fotos, algumas já tem o MUDE, mas pode haver sempre algumas de interesse em poder dos colegas.


Também o nosso colega Matos levantou a ideia de haver vídeos com depoimentos de colegas que tivessem trabalhado no edifício e que falassem sobre a sua história ou histórias que ali se passaram. Esses vídeos seriam projetados no próprio edifício.
A Srª Drª Bárbara gostou da ideia e disse que tinha o equipamento e os meios para fazer esses vídeos e que ficava à espera que alguém se oferecesse.
A Srª Drª Maria de Lurdes ficou com os nossos contactos para nos avizar dos diversos acontecimentos que ali se vão fazendo para visitarmos.
Só digo que é um projeto do melhor para manter as nossas memórias e valorizar a casa onde tantos de nós passamos o melhor das nossas vidas.
Estejamos atentos para vermos a evolução do aproveitamento de todo o edifício. Atualmente, só o rés-do-chão está sem problemas para visitar com segurança e sem limitação de pessoas com falta de mobilidade.
Olha quem encontrámos à saida. Andava por ali a passear, a recordar...
O Mascarenhas





Depois do almoço, encontramos o grupo do Cotovio e Matos de Carvalho
que vinham de outro almoço de BNUs.

VISITA À RUA AUGUSTA

Aqui estão algumas fotos tiradas durante a nossa visita à antiga sede do nosso BNU, gentilmente proporcionada pela directora do Museu do Design e da Moda, drª Bárbara Coutinho.
























Esta visita proporcionou-me fortes sensações:
Por um lado a satisfação de ter tido o privilégio de visitar integralmente o edifício e recordar alguns espaços onde trabalhei durante mais de 20 anos.
Por outro, o espanto e a indignação pelo estado de destruição provocado pela CGD, uma entidade pública que tinha obrigação de ter zelado pela conservação de um património unico.
A sensação que tive ao percorrer os vários andares foi a de estar dentro de um edifício atingido por um bombardeamento, tal o grau de destruição.
Só num país em que a recuperação e manutenção do património histórico é tratado por "patos pravos", é que os responsáveis por este atentado ficam impunes.
Termino com uma frase que ouvi hoje a um colega nosso: " pelo menos o BNU caíu em combate."
Joaquim Matos